No Oriente Médio, às
margens dos rios como o Eufrates, Tigre e Jordão, ou nas proximidades do Mar
Mediterrâneo e no Norte da África, às margens do Nilo, formaram-se civilizações
que, abandonando o sistema tribal e nômade da Pré-História, tornaram-se
sociedades com Estado, marcadas pelo fim da propriedade coletiva,
característica da Pré-História, e pela diferenciação de classes sociais. Essas
civilizações com exceção da Fenícia, adotaram o Modo de Produção Asiático.
A MESOPOTÂMIA (“região
entre rios”)
Mapa da Mesopotâmia
Fonte da imagem:
http://amorim.pro.br/?p=460
A Mesopotâmia histórica
localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates. Sabemos que vários povos ocuparam
aquela região. A ocupação por um determinado povo normalmente ocorria através
de invasão e submissão do povo vencido. De 3.500 a. C, data dos primeiros
vestígios de vida organizada na região, até 539 a. C., quando a Mesopotâmia foi
conquistada pelos persas, há o registro da ocupação por onze grupos diferentes.
Os principais povos que habitaram as terras entre o Tigre e o Eufrates foram:
·
Sumérios
– no final do quarto milênio a. C;
·
Acádios
– cujo império data de 2530 a. C;
·
Novamente
os sumérios – cerca de 2150 a. C;
·
Amoritas
(também chamados de babilônicos), que fundaram seu império em 1894 a. C;
·
Assírios
– dominaram a região entre 744 e 609 a. C;
·
Caldeus
(denominados
também “novos babilônicos”) – de 609 a 539 a. C;
A grande contribuição
histórica deixada pelos amoritas foi
o código de leis criado pelo rei Hamurábi,
que governou de 1792 a 1750 a. C. O líder amorita fundou uma monarquia
centralizada que pretendia controlar toda a comunidade sob seu domínio. Para tanto,
elaborou um conjunto de leis escritas que tratava de amplos aspectos da vida em
sociedade, e que ficou conhecido como Código
de Hamurábi.
O princípio legal
dessas leis é a pena de talião (ou
retaliação), definida pela expressão “olho por olho, dente por dente”,
indicando que o castigo aplicado ao criminoso seria semelhante ao crime
cometido. Analisando mais profundamente os documentos deixados pelos amoritas, podemos
perceber que esse princípio somente tinha valor quando o crime era cometido
contra alguém da elite. Quando a vítima era um servo, não valia a retaliação, e
a pena muitas vezes se limitava ao pagamento de multa.
O Código de Hamurábi é
um documento histórico muito importante porque nos permite entender a vida na
Antiguidade. Divide a sociedade em três categorias de pessoas: aquela que é
chamada de homem, ou seja, o homem livre e rico; aquele que se curva, que
indica o servo e o homem livre pobre, e aquele que é propriedade, isto é, o
escravo.
Os assírios, cuja principal atividade era a guerra, ficaram conhecidos
pela crueldade com que tratavam os povos vencidos, mas também porque um de seus
reis, Assurbanípal, reuniu em seu
palácio, na cidade de Nínive, uma extensa biblioteca composta por placas de
argila que tratavam dos mais variados assuntos. A biblioteca de Nínive permitiu a conservação dos documentos gravados
em argila, facilitando o estudo sobre a vida na Antiguidade.
O EGITO
Mapa do Egito Antigo
Fonte da imagem:
http://www.infoescola.com/antiguidade/alto-egito/
Os registros mais
antigos pela civilização que viveu as margens do Rio Nilo datam aproximadamente
de 4000 a. C; mas é provável que a região já fosse habitada em 10000 a. C. A
sociedade que ali se formou pôde desenvolver-se graças ao regime de enchentes anuais do Nilo, que, durante
os meses de junho a setembro, inundavam e fertilizavam com seu húmus (fertilizante orgânico) as
margens do rio. Naquela região desértica, a agricultura somente se tornou
viável graças as cheias. Por isso, o historiador grego Heródoto afirmou que o
Egito era uma “dádiva do Nilo”.
Nos primeiros tempos
havia dois reinos: o Baixo e o Alto Egito. Entre 3200 e 2800 a. C. houve a
unificação sob uma única coroa. Após a unificação, o Egito se constituiu como
uma teocracia em que o faraó era, ao mesmo tempo, rei e divindade. Pela estreita
ligação entre poder político e religioso, os sacerdotes egípcios formavam uma
casta poderosa que, em certo momentos, enfrentava o poder do rei; mas a regra
geral foi a aliança entre o faraó e os sacerdotes.
A filiação divina do
faraó mudava de uma dinastia para outra. Encontramos documentos que afirmam ser
o faraó filho de Osíris e Hórus; em outros é apresentado como filho do deus Rá,
que também era chamado de Amom-Rá ou Ré.
O faraó era
proprietário de todo o reino, formado pelas terras férteis localizadas às
margens do Nilo, assim como do próprio rio e das pessoas que viviam no Egito.
Tanto poder gerava abusos, dos quais as pirâmides são um exemplo evidente.
A construção das pirâmides
gerou, na atualidade, a expressão “obras faraônicas”, utilizada quando se faz
referencia a um governante que usa o dinheiro público para construir obras
grandiosas e desnecessárias.
Pirâmides
do Egito
Fonte da imagem:
http://verapessota.blogspot.com.br/2015/10/projeto-vai-escanear-as-piramides-do.html
Apesar de adotar o
politeísmo, o Egito viveu um período de monoteísmo durante o governo de
Amenófis IV (também chamado de Akenaton ou Amenotep), que fundou o culto a
Aton, representado pelo sol. Possivelmente a atitude de Akenaton tivesse por
objetivo diminuir o poder dos sacerdotes, mas a crença monoteísta vigorou
apenas enquanto o faraó viveu. Após sua morte, a religião voltou a se apoiar na
crença em vários deuses.
Em 525 a. C, o Egito
foi conquistado pelo exército da Pérsia. Esse acontecimento marcou o início da
antiga civilização que floresceu às margens do Nilo.
HEBREUS, PERSAS E
FENÍCIOS
Os hebreus são antepassados do povo judeu e têm algumas
características que os distinguem de outros povos da Antiguidade. Acredita-se
que, por volta de 180 a. C; os hebreus tenham saído do Deserto da Arábia,
migrado para a Mesopotâmia e depois para a Palestina. Posteriormente foram para
o Egito, onde viveram entre trezentos e quatrocentos anos, tendo sido
escravizados. Liderados pelo patriarca Moisés, os hebreus saíram do Egito e
retornaram a Palestina – no Antigo Testamento esse evento é chamado de Êxodo –, entre 1300 e 1250 a. C.
Durante o Êxodo,
Moisés teria recebido as Tábuas da Lei que ordenavam a vida social dos hebreus
e inauguravam o primeiro culto religioso efetivamente monoteísta, que é a
crença em Iavé ou Jeová. Esse importante fato de união nacional entre os
hebreus, que se manifestou quando disputavam com outros povos a posse das
margens férteis do Rio Jordão, reapareceu na era cristão, quando os hebreus
perderem sua pátria e se dispersaram pelo mundo.
Os excessos cometidos
pelos reis, sobretudo Salomão, geraram revoltas que levaram em 926 a. C., a
divisão do povo hebreu em dois reinos: o de Israel, com capital na Samaria, e o
de Judá, com capital em Jerusalém.
O Reino de Israel foi dominado pelos assírios em 722 a. C.,
misturados aos outros povos que formavam o Império Assírio, os israelitas
desapareceram.
O Reino de Judá apesar de não sofrer sucessivas invasões, não perdeu
sua identidade graças ao culto monoteísta que diferenciava os hebreus de outros
povos.
Em 70 d. C., devido às
frequentes revoltas, os romanos decretaram a saída definitiva dos hebreus da
Palestina. Essa dispersão do povo hebreu pelo Império Romano é chamada de Diáspora. Durante os quase dois mil
anos que os judeus em que os judeus não tiveram pátria, a religião manteve sua
unidade e sua cultura. Em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, foi criado o
Estado de Israel, na Palestina, para que os judeus voltassem a ter uma pátria.
Acreditando-se herdeiros de toda aquela parte do mundo, os judeus invadiram a
parte que havia ficado com os palestinos, que expulsos de suas terras, se
tornaram o novo povo sem pátria.
Por volta de 2000 a.
C., o Planalto Iraniano foi ocupado por dois povos de origem indo-europeia:
medos e persas. Em 550 a. C., os persas submeteram os medos ao seu domínio e
fundaram o Império Persa. A ocupação
do Irã foi o primeiro passo para a conquista de um vasto território que se
estendeu pela Ásia, Norte da África, Mesopotâmia chegando até o mar mediterrâneo.
A característica
marcante do Império Persa foi a máquina administrativa montada pelos reis para
controlar as terras conquistadas. O poder político era altamente concentrado
nas mãos dos reis; estes nomeavam fiscais, que tinham a função de visitar todas
as províncias e eram chamados de olhos e
ouvidos do rei. “Olhos” para cuidar a fim de que não houvesse desvios dos
impostos arrecadados; “ ouvidos” para detectar possíveis insatisfações e
ameaças de revoltas por parte dos povos dominados. Apoiando todo esse aparato
de fiscalização havia um poderoso e bem armado exército. Apesar de todos esses
cuidados, o Império começou a enfraquecer no século IV a. C. e em 330 a. C.,
foi dominado pelos exércitos da Macedônia, comandados por Alexandre Magno.
Os fenícios organizaram-se de forma bastante diferente de outros povos
da Antiguidade. Viviam no litoral do Mar Mediterrâneo, onde hoje se localiza o
Líbano. A sua principal atividade econômica era o comércio, realizado nas
costas costeiras do Mediterrâneo, Mar Negro e Mar do Norte. Vendiam,
principalmente, produtos manufaturados e cedro, a madeira típica do Líbano.
Os trabalhadores livres formavam a maior parte da população. Havia
artesãos, agricultores, pescadores e marinheiros. A organização econômica criada
pelos fenícios possibilitava a mobilidade social. Por exemplo, um artesão podia
iniciar um pequeno comércio dos produtos que criava, progredir e se tornar uma
pessoa rica. Havia poucos escravos. Estes
eram usados em maior número nas embarcações, onde eram colocados para remar e
ficavam acorrentados para evitar motins. Os escravos remadores eram tratados
com extrema crueldade.
Politicamente, a
Fenícia se organizava em cidades-Estados, das quais as mais importantes foram
Ugarit, Biblos, Sidon e Tiro. Cada cidade tem seu chefe político e deuses
próprios. A classe dominante era formada por grandes comerciantes, funcionários
graduados do Estado e sacerdotes.
Conquistada pelos
persas e, a seguir pelos macedônios, a civilização fenícia começou a
desaparecer, mas seu legado histórico é importante, uma vez que foram os
criadores do alfabeto que usamos até
hoje. Aperfeiçoando as escritas cuneiforme e hieróglifa, as mais usadas naquele
tempo, criaram um alfabeto composto por 22 consoantes que representavam os sons
da fala. Mais tarde os gregos acrescentaram as vogais, completando o alfabeto
que serviu de base para a escrita grega e latina.
Fonte do texto: PETTA,
Nicolina Luiza de. OJEDA, Baes Aparecido Eduardo. Coleção Base História: uma abordagem integrada. São Paulo. 1 ed.
1999.
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