segunda-feira, 8 de agosto de 2016

4. AS CIVILIZAÇÕES DO ORIENTE MÉDIO E DO EGITO



No Oriente Médio, às margens dos rios como o Eufrates, Tigre e Jordão, ou nas proximidades do Mar Mediterrâneo e no Norte da África, às margens do Nilo, formaram-se civilizações que, abandonando o sistema tribal e nômade da Pré-História, tornaram-se sociedades com Estado, marcadas pelo fim da propriedade coletiva, característica da Pré-História, e pela diferenciação de classes sociais. Essas civilizações com exceção da Fenícia, adotaram o Modo de Produção Asiático.


                                A MESOPOTÂMIA (“região entre rios”)

                                   Mapa da Mesopotâmia
                                 Fonte da imagem: http://amorim.pro.br/?p=460
A Mesopotâmia histórica localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates. Sabemos que vários povos ocuparam aquela região. A ocupação por um determinado povo normalmente ocorria através de invasão e submissão do povo vencido. De 3.500 a. C, data dos primeiros vestígios de vida organizada na região, até 539 a. C., quando a Mesopotâmia foi conquistada pelos persas, há o registro da ocupação por onze grupos diferentes. Os principais povos que habitaram as terras entre o Tigre e o Eufrates foram:
·         Sumérios – no final do quarto milênio a. C;
·         Acádios – cujo império data de 2530 a. C;
·         Novamente os sumérios – cerca de 2150 a. C;
·         Amoritas (também chamados de babilônicos), que fundaram seu império em 1894 a. C;
·         Assírios – dominaram a região entre 744 e 609 a. C;
·         Caldeus (denominados também “novos babilônicos”) – de 609 a 539 a. C;
 A grande contribuição histórica deixada pelos amoritas foi o código de leis criado pelo rei Hamurábi, que governou de 1792 a 1750 a. C. O líder amorita fundou uma monarquia centralizada que pretendia controlar toda a comunidade sob seu domínio. Para tanto, elaborou um conjunto de leis escritas que tratava de amplos aspectos da vida em sociedade, e que ficou conhecido como Código de Hamurábi.
O princípio legal dessas leis é a pena de talião (ou retaliação), definida pela expressão “olho por olho, dente por dente”, indicando que o castigo aplicado ao criminoso seria semelhante ao crime cometido. Analisando mais profundamente os documentos deixados pelos amoritas, podemos perceber que esse princípio somente tinha valor quando o crime era cometido contra alguém da elite. Quando a vítima era um servo, não valia a retaliação, e a pena muitas vezes se limitava ao pagamento de multa.

O Código de Hamurábi é um documento histórico muito importante porque nos permite entender a vida na Antiguidade. Divide a sociedade em três categorias de pessoas: aquela que é chamada de homem, ou seja, o homem livre e rico; aquele que se curva, que indica o servo e o homem livre pobre, e aquele que é propriedade, isto é, o escravo.

Os assírios, cuja principal atividade era a guerra, ficaram conhecidos pela crueldade com que tratavam os povos vencidos, mas também porque um de seus reis, Assurbanípal, reuniu em seu palácio, na cidade de Nínive, uma extensa biblioteca composta por placas de argila que tratavam dos mais variados assuntos. A biblioteca de Nínive permitiu a conservação dos documentos gravados em argila, facilitando o estudo sobre a vida na Antiguidade.

  O EGITO

                                      Mapa do Egito Antigo
                                      Fonte da imagem: http://www.infoescola.com/antiguidade/alto-egito/

Os registros mais antigos pela civilização que viveu as margens do Rio Nilo datam aproximadamente de 4000 a. C; mas é provável que a região já fosse habitada em 10000 a. C. A sociedade que ali se formou pôde desenvolver-se graças ao regime de enchentes anuais do Nilo, que, durante os meses de junho a setembro, inundavam e fertilizavam com seu húmus (fertilizante orgânico) as margens do rio. Naquela região desértica, a agricultura somente se tornou viável graças as cheias. Por isso, o historiador grego Heródoto afirmou que o Egito era uma “dádiva do Nilo”.
Nos primeiros tempos havia dois reinos: o Baixo e o Alto Egito. Entre 3200 e 2800 a. C. houve a unificação sob uma única coroa. Após a unificação, o Egito se constituiu como uma teocracia em que o faraó era, ao mesmo tempo, rei e divindade. Pela estreita ligação entre poder político e religioso, os sacerdotes egípcios formavam uma casta poderosa que, em certo momentos, enfrentava o poder do rei; mas a regra geral foi a aliança entre o faraó e os sacerdotes.
A filiação divina do faraó mudava de uma dinastia para outra. Encontramos documentos que afirmam ser o faraó filho de Osíris e Hórus; em outros é apresentado como filho do deus Rá, que também era chamado de Amom-Rá ou Ré.
O faraó era proprietário de todo o reino, formado pelas terras férteis localizadas às margens do Nilo, assim como do próprio rio e das pessoas que viviam no Egito. Tanto poder gerava abusos, dos quais as pirâmides são um exemplo evidente.

A construção das pirâmides gerou, na atualidade, a expressão “obras faraônicas”, utilizada quando se faz referencia a um governante que usa o dinheiro público para construir obras grandiosas e desnecessárias.
Pirâmides do Egito


Apesar de adotar o politeísmo, o Egito viveu um período de monoteísmo durante o governo de Amenófis IV (também chamado de Akenaton ou Amenotep), que fundou o culto a Aton, representado pelo sol. Possivelmente a atitude de Akenaton tivesse por objetivo diminuir o poder dos sacerdotes, mas a crença monoteísta vigorou apenas enquanto o faraó viveu. Após sua morte, a religião voltou a se apoiar na crença em vários deuses.
Em 525 a. C, o Egito foi conquistado pelo exército da Pérsia. Esse acontecimento marcou o início da antiga civilização que floresceu às margens do Nilo.

HEBREUS, PERSAS E FENÍCIOS

Os hebreus são antepassados do povo judeu e têm algumas características que os distinguem de outros povos da Antiguidade. Acredita-se que, por volta de 180 a. C; os hebreus tenham saído do Deserto da Arábia, migrado para a Mesopotâmia e depois para a Palestina. Posteriormente foram para o Egito, onde viveram entre trezentos e quatrocentos anos, tendo sido escravizados. Liderados pelo patriarca Moisés, os hebreus saíram do Egito e retornaram a Palestina – no Antigo Testamento esse evento é chamado de Êxodo –, entre 1300 e 1250 a. C.
Durante o Êxodo, Moisés teria recebido as Tábuas da Lei que ordenavam a vida social dos hebreus e inauguravam o primeiro culto religioso efetivamente monoteísta, que é a crença em Iavé ou Jeová. Esse importante fato de união nacional entre os hebreus, que se manifestou quando disputavam com outros povos a posse das margens férteis do Rio Jordão, reapareceu na era cristão, quando os hebreus perderem sua pátria e se dispersaram pelo mundo.
Os excessos cometidos pelos reis, sobretudo Salomão, geraram revoltas que levaram em 926 a. C., a divisão do povo hebreu em dois reinos: o de Israel, com capital na Samaria, e o de Judá, com capital em Jerusalém.
O Reino de Israel foi dominado pelos assírios em 722 a. C., misturados aos outros povos que formavam o Império Assírio, os israelitas desapareceram.
O Reino de Judá apesar de não sofrer sucessivas invasões, não perdeu sua identidade graças ao culto monoteísta que diferenciava os hebreus de outros povos.
Em 70 d. C., devido às frequentes revoltas, os romanos decretaram a saída definitiva dos hebreus da Palestina. Essa dispersão do povo hebreu pelo Império Romano é chamada de Diáspora. Durante os quase dois mil anos que os judeus em que os judeus não tiveram pátria, a religião manteve sua unidade e sua cultura. Em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, foi criado o Estado de Israel, na Palestina, para que os judeus voltassem a ter uma pátria. Acreditando-se herdeiros de toda aquela parte do mundo, os judeus invadiram a parte que havia ficado com os palestinos, que expulsos de suas terras, se tornaram o novo povo sem pátria.
Por volta de 2000 a. C., o Planalto Iraniano foi ocupado por dois povos de origem indo-europeia: medos e persas. Em 550 a. C., os persas submeteram os medos ao seu domínio e fundaram o Império Persa. A ocupação do Irã foi o primeiro passo para a conquista de um vasto território que se estendeu pela Ásia, Norte da África, Mesopotâmia chegando até o mar mediterrâneo.
A característica marcante do Império Persa foi a máquina administrativa montada pelos reis para controlar as terras conquistadas. O poder político era altamente concentrado nas mãos dos reis; estes nomeavam fiscais, que tinham a função de visitar todas as províncias e eram chamados de olhos e ouvidos do rei. “Olhos” para cuidar a fim de que não houvesse desvios dos impostos arrecadados; “ ouvidos” para detectar possíveis insatisfações e ameaças de revoltas por parte dos povos dominados. Apoiando todo esse aparato de fiscalização havia um poderoso e bem armado exército. Apesar de todos esses cuidados, o Império começou a enfraquecer no século IV a. C. e em 330 a. C., foi dominado pelos exércitos da Macedônia, comandados por Alexandre Magno.
Os fenícios organizaram-se de forma bastante diferente de outros povos da Antiguidade. Viviam no litoral do Mar Mediterrâneo, onde hoje se localiza o Líbano. A sua principal atividade econômica era o comércio, realizado nas costas costeiras do Mediterrâneo, Mar Negro e Mar do Norte. Vendiam, principalmente, produtos manufaturados e cedro, a madeira típica do Líbano.
Os trabalhadores livres formavam a maior parte da população. Havia artesãos, agricultores, pescadores e marinheiros. A organização econômica criada pelos fenícios possibilitava a mobilidade social. Por exemplo, um artesão podia iniciar um pequeno comércio dos produtos que criava, progredir e se tornar uma pessoa rica. Havia poucos escravos. Estes eram usados em maior número nas embarcações, onde eram colocados para remar e ficavam acorrentados para evitar motins. Os escravos remadores eram tratados com extrema crueldade.
Politicamente, a Fenícia se organizava em cidades-Estados, das quais as mais importantes foram Ugarit, Biblos, Sidon e Tiro. Cada cidade tem seu chefe político e deuses próprios. A classe dominante era formada por grandes comerciantes, funcionários graduados do Estado e sacerdotes.
Conquistada pelos persas e, a seguir pelos macedônios, a civilização fenícia começou a desaparecer, mas seu legado histórico é importante, uma vez que foram os criadores do alfabeto que usamos até hoje. Aperfeiçoando as escritas cuneiforme e hieróglifa, as mais usadas naquele tempo, criaram um alfabeto composto por 22 consoantes que representavam os sons da fala. Mais tarde os gregos acrescentaram as vogais, completando o alfabeto que serviu de base para a escrita grega e latina.


Fonte do texto: PETTA, Nicolina Luiza de. OJEDA, Baes Aparecido Eduardo. Coleção Base História: uma abordagem integrada. São Paulo. 1 ed. 1999.





Nenhum comentário:

Postar um comentário