sábado, 23 de julho de 2016

ANTIGUIDADE ORIENTAL



1.      DA PRÉ-HISTÓRIA PARA A HISTÓRIA

Para efeito de estudo, determinamos que a história da humanidade começa com o aparecimento da escrita e tudo o que aconteceu antes pertence à Pré-História. Trata-se de uma convenção que tem apenas uma função prática, uma vez que os acontecimentos seguem um encadeamento constante, e todas as divisões que fazemos são artificiais e servem apenas para facilitar o entendimento. Por esse motivo seguimos aqui a divisão convencional.
A Pré-História é dividida em várias etapas, cujas primeiras datam de cerca de 4 bilhões de anos. O que nos interessa conhecer é um período bem mais recente, datado de cerca de 1 bilhão de anos, quando os primeiros hominídeos passaram a deixar seus sinais sobre a Terra.
Foi no Pleistoceno (ou Período Glaciário) datado de cerca de 1 milhão a 2500 a.C. que surgiram as espécies humanas primitivas. Culturalmente esse período é denominado de Paleolítico inferior. As conquistas humanas desse período foram o desenvolvimento da linguagem falada, o conhecimento do fogo, o sepultamento dos mortos e a fabricação de armas e utensílios de pedra.
O período geológico seguinte, que se estende de 25000 a.C até os dias atuais, é denominado de Holoceno ou Recente. Sua primeira etapa cultural foi o Paleolítico Superior, caracterizado pela fabricação de objetos mais sofisticados como agulha e anzol, pelas manifestações artísticas e pela magia.
Seguiu-se o Neolítico, durante o qual os seres humanos passaram a praticar a agricultura (Revolução Agrícola), a domesticar animais, a desenvolver a navegação e a criar as primeiras instituições.
A etapa mais avançada do Holoceno se caracteriza pelo aparecimento das grandes civilizações da Antiguidade, com o domínio da metalurgia do bronze e do ferro, o surgimento da escrita, da arte, da tecnologia, da ciência e da literatura.
Cada uma das civilizações antigas do Oriente tem suas especificidades, mas, no seu conjunto, tem fatores comuns. Vamos estudar aqui essas semelhanças, que formam o modo de produção que denominamos Asiático e também as características específicas de algumas daquelas civilizações.

Estima-se que os primeiros hominídeos já habitavam a Terra há milhões de anos e, pelo processo evolutivo, chegamos ao Homo Sapiens sapiens. Portanto, o ser humano de hoje é o resultado de um longo processo biológico e cultural de hominização.

Ao mesmo tempo que a adaptação ao meio ambiente desenvolvia habilidades intelectuais dos hominídeos – um dos animais mais frágeis do ecossistema -,as novas habilidades desenvolvidas permitiam criar formas mais complexas de organização social e melhor garantir a sobrevivência da espécie. A principal arma de nossos antepassados foi a inteligência.
A hipótese mais aceita a respeito da origem dos seres humanos diz que surgiram na África, de onde migraram para a Europa e Ásia.Com relação a origem do homem americano, durante longo tempo acreditou-se que os primeiros humanos teriam chegado ao nosso continente há doze mil anos, em um período em que a glaciação teria formado uma ponte de terra e gelo entre a Ásia e a América, no estreito de Behring, nas proximidades do Pólo Norte. Os grupos humanos teriam então, migrado do Norte da Ásia para o Norte da América. Com o passar dos séculos, teriam chegado ao sul do nosso continente.
Atualmente essa hipótese tem sido fortemente contestada por arqueólogos que encontram em São Raimundo Nonato, no Piauí, indícios de vida humana datados de 48 mil anos. Portanto, a presença humana na América é anterior a doze mil anos. Essa questão ainda está em aberto, e não existe consenso a respeito do tema.




1.      A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA

O ser humano começou sua vida em nosso planeta como caçado e coletor e transformou-se em produtor de seu alimento. Esse talvez tenha sido o maior salto dado pela humanidade.  A Revolução Agrícola, ou seja, a descoberta e o domínio da agricultura, que ocorreu há cerca de sete mil anos, provocou a maior transformação na vida material dos seres humanos.
A primeira mudança foi a possiblidade de os grupos humanos deixarem de ser nômades e tornarem-se sedentários. A fixação em um só local permitiu a prática da agricultura e a criação de animais, e a melhoria das condições de vida provocou um crescimento da população. Começou a surgir a vida em sociedade, aumentando a complexidade das tarefas e das relações animais.
A nova forma de vida levou a criação das cidades e ao aparecimento do Estado. As sociedades arcaicas são sociedades sem Estado, que se organizam conforme as tradições aceitas por todos, nas quais cada indivíduo cumpre seu papel, mas ninguém é tido como superior. O chefe e o feiticeiro não determinam o que o grupo deve fazer, apenas aconselham; os demais aceitam se quiserem, e não existe nenhuma forma de coerção.
Nas sociedades sem Estado, a vida coletiva é administrada por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. A participação popular, ou a influência que a população exerce sobre aqueles que governam, tem variado de acordo com a época e o lugar. Existem muitas formas de Estado, desde o poder absoluto de alguns reis e ditadores, como os faraós, até as democracias mais modernas, em que os rumos do país são decididos pela maioria da população e não pela vontade dos governantes.


2.       O MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO

As primeiras sociedades das quais temos notícia organizaram-se a partir de alguns elementos comuns. A essas características, presentes na vida politica, social, religiosa e econômica das civilizações mais antigas, damos o nome de Modo de Produção Asiático.
Suas principais características  eram.
·         O poder político tinha forte conotação religiosa. Em alguns lugares o governante era considerado deus, em outros era o seu representante entre as pessoas. Quando o governo era exercido por uma pessoa divinizada denominamos teocracia (teo, “deus”; e cracia, “poder”).
·         A base da economia era a agricultura. As terras ou pertenciam ao rei ou aos membros da elite. O trabalho no campo era feito por escravos ou por camponeses livres que recebiam como pagamento uma pequena parcela da colheita.
·         O regime de trabalho era servil, mas também se utilizava o trabalho escravo. Em geral, escravizam-se os prisioneiros de guerra ou os povos conquistados. Como na Antiguidade a guerra era uma atividade comum, os povos vencedores estavam sempre abastecidos de escravos. Foi com o trabalho dos escravos que os impérios da Antiguidade construíram sua grandeza material.
·         A estreita ligação entre o poder político e a religião criava uma poderosa casta de sacerdotes que se diziam encarregados de mediar as relações entre as pessoas comuns e as divindades. Essas atividade garantia prestigio e fortuna aos sacerdotes. As religiões eram politeístas, com exceção dos hebreus, primeiro povo monoteísta.
·         Era comum a existência de uma elite terratenente (proprietária de terras) e de uma elite militar. Em geral o poder politico era exercido apenas pelo rei, mas as pessoas que pertenciam as elites exerciam grande influencia.
·         Outra marca comum entre as primeiras civilizações que conhecemos era a profunda divisão social. Uma pequena parcela da sociedade formava as classes privilegiadas, enquanto a grande maioria formava a massa de trabalhadores pobres, estrangeiros escravizados ou pessoa livres exploradas até o limite de suas forças.


Fonte do texto: Adaptado PETTA, Nicolina Luiza de. OJEDA, Baes Aparicio Eduardo. Coleção Base: história: uma abordagem integrada. São Paulo. 1 ed. 1999.

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