domingo, 3 de julho de 2016

O "TEMPO"







Essa narrativa, sobre o cotidiano da população de um pequeno povoado gaúcho no século XIX, é do escritor Érico Veríssimo. Observe como se estabelecia a relação das pessoas com o tempo.
“Numa das cruzes (do cemitério) havia um nome e uma pequena inscrição:
 ANA TERRA

 Descansa em Paz

            Não havia datas. Esse era um característico das gentes daquele lugar: ninguém sabia muito bem do tempo. Os únicos calendários que existiam no povoado eram o da casa dos Amarais e o do Vigário, o Padre Lara. Os outros moradores de Santa fé continuavam a marcar a passagem do ano pelas fases da Lua e pelas estações. E quando queriam lembrar-se de um fato, raros mencionavam o ano ou o mês em que ele tinha se passado, mas ligavam-nos a um acontecimento marcante da comunidade. Diziam, por exemplo, que tal coisa tinha acontecido antes ou depois da praga de gafanhotos, dum inverno especialmente rigoroso que fizera gelar a água das lagoas, ou então de uma peste que atacara o trigo, o gado ou as pessoas.”

Érico Veríssimo
Um certo capitão Rodrigo, p. 25 e 26.


 Trecho citado no livro; PETTA, Nicollina Luiza de. OJEDA Baes Aparicio Eduardo. Coleção Base: história: uma abordagem integrada. 1 ed. 1999.

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