domingo, 3 de julho de 2016

O TEMPO HISTÓRICO




          Há uma questão que precisa ficar clara antes de iniciarmos nosso trabalho com História. Você irá observar que todos os acontecimentos foram datados: o Egito foi unificado por volta de 3000 a. C; a Mesopotâmia foi conquistada pelos persas em 539 a. C.; em 395 d. C.; o Império Romano foi dividido em Império do Ocidente e Império do Oriente; em 1942 d. C.; Colombo chegou a América, etc.
De onde surgiram essas datas? Quem criou essa medição para o tempo? Será que os índios que viviam na América Central, quando lá aportou Colombo, também pensaram que era o ano 1492 d.C.?
Certamente não! A contagem do tempo muda conforme o lugar e a época....
O calendário serve para marcar o tempo, tanto o que já passou como o que está por vir. Os gregos antigos entendiam o tempo como um círculo que sempre se repete. Com base na observação da natureza, eles percebiam que ocorre um processo de nascimento, desenvolvimento, decadência e morte, que se repete continuamente. Na primavera, as árvores florescem; no verão, dão os frutos; no outono perdem as folhas; no inverno, parecem mortas. Voltando a primavera, elas renascem. Por essa maneira de pensar o tempo, o envelhecimento e a morte não são consideradas desgraças. Pelo contrário, são apenas a preparação para o novo. A passagem do tempo não causa ruína, apenas renova.
Vamos voltar ao nosso problema: de onde surgiram as datas que usamos para localizar, no tempo, os acontecimentos. A sociedade ocidental começou a contar o tempo em antes de Cristo (a. C.) e depois de Cristo (d. C.) a partir da Idade Média, quando a Igreja Católica controlava a cultura. Usando as escrituras bíblicas, foi feito um cálculo aproximado do ano em que Jesus Cristo nasceu. Até hoje isso é foco de discussões das quais vamos passar longe, porque não interessam ao problema.
O ano que corresponderia ao nascimento de Cristo foi determinado como sendo o ano 1 da Era Cristã, ou ano 1 d.C, O que aconteceu antes desse ano passou a ser contado de trás para frente e assinalado como a.C. Para facilitar o uso dessa datação, os anos são agrupados em séculos, sendo que o ano I começou no ano 1 e terminou no ano 100; o século II começou no ano 101 e terminou no ano 200, até chegarmos ao século XX, que começou em 1901 e terminou no ano 2000. O século XXI iniciou no ano 2001 e termina no ano 2100.
O tempo é uma convenção criada para facilitar a nossa comunicação e o entendimento do que nos rodeia. Dentro dessa perspectiva, historiadores criaram “períodos de tempo” para a sequência dos acontecimentos históricos. A História foi, então dividida em quatro épocas: Antiga (do aparecimento da escrita, por volta de 3.500-3000, até a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d. C); Medieval (de 476 d. Ca 1453, data da tomada de Constantinopla pelos turcos); Moderna (de 1453 à Revolução Francesa de 1789); e Contemporânea (de 1789 para a frente).
Essa datação, ainda muito utilizada em vários matérias didáticos é, enfatizamos mais uma vez, convencional e sua função é facilitar o estudo da História. É importante ressaltar que ela não foi definida aleatoriamente: a passagem de uma época para outra é marcada por mudanças significativas, isto é, são momentos em que as sociedades já são bastante diferentes em relação aos que as caracterizava no período anterior. Por exemplo, a passagem da Idade Média para a Idade Moderna é determinada pela queda de Constantinopla, que assinala o fim do Império Romano do Oriente (1453), mas o que realmente pesa nesse corte cronológico é o fato de que a sociedade do século XV apresentava características muito diferentes da sociedade medieval. Sendo assim, é possível considerar que parte da humanidade já vivia em outro período histórico.
A grande ressalva a esse procedimento é que ele leva em conta apenas a história do Ocidente, sobretudo a história da Europa.

Fonte do texto: (Adaptado) PETTA, Nicollina Luiza de. OJEDA, Baes Aparicio Eduardo. Coleção Base; história uma abordagem integrada.  São Paulo. 1 ed. 1999.

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